DIÁ EM DIA COM O ESQUEMA TÁTICO

O treinador Francisco Diá, que chegou ao Botafogo como solução de reabilitação não começou bem e deixou no ar a desconfiança do torcedor. Empatou com o fraco América de Natal, na sua estréia, e por pouco não deixou o Almeidão com derrota. O jogo seguinte seria contra o Vitória, em Salvador, no Barradão. “Nossa, se aqui diante da torcida foi uma negação, calcule contra o time baiano, em Salvador. Vai ser uma saraivada”, disse um torcedor logo após o empate diante do time natalense.

Experiente e ciente do compromisso assumido o senhor Diá não ligou muito para o que acontecera e muito menos para o que tinha falado o torcedor. Deu uma rápida mexida no grupo, sacou alguns jogadores e promoveu outros. E foi para o sacrifício. Mudou, e mudou pra melhor. Sacou o até então titular Rogério e efetivou Alisson. Recuou Célio para a posição de líbero e formou o trio protetor com Ricardo Mamboré. Criou o sistema de proteção à zaga com Zaqueu e Val e retornou, por pouco tempo, o lateral Zé Wilker pela direita mantendo Camilo na esquerda. Na armação das jogadas escalou Chapinha, revezando com Tinho, ao lado de Washington que também faz companhia a Paulinho Macaíba no ataque.

Deu certo. O Botafogo fez uma apresentação de alto nível e só perdeu por um a zero pela falha da arbitragem validando o único gol em completo impedimento marcado pelo atacante Junior. E olhe que o Vitória esteve em campo com seu time titular, o mesmo definido para decidir o titulo da Copa do Brasil com o Santos. Destaques para o goleiro Genivaldo, o estreante Célio na composição defensiva, Danilo que entrou no lugar de Zé Wilker, Val, Washington, Paulinho Macaíba. Pra todos, de maneira geral.

Como deu certo na Bahia o técnico Diá decidiu repetir a formação diante do Sergipe, no Almeidão, três dias depois do jogo em Salvador, e o resultado foi uma grande atuação e a primeira vitória por 4 a 0. Daí os elogios, não só pela reabilitação, embora tardia, como pela nova formação tática e a certeza de outras grandes apresentações. E foi o que aconteceu. Na seqüência não tomou conhecimento do Ceará, em Fortaleza, no Castelão, e obteve a segunda vitória, consecutiva.

Finalmente o comandante Diá encontrou a formação ideal e deve mantê-la para os jogos seguintes. Eu, particularmente, não acredito naquela equipe que para cada jogo usa uma formação tática diferente. Entendo que um grupo só pode ganhar entrosamento atuando sempre de maneira igual. Mudar, a cada jogo, a maneira de jogar, atrapalha e os resultados não são os desejados mesmo porque quando o atleta está com a bola vai ter que decidir em frações de segundos qual o esquema que seu time está empregando no momento.

Assim sendo, o senhor Diá está em “dia” com seu esquema de jogo e mantendo-o certamente os frutos serão colhidos satisfatoriamente. Não desconheço que uma equipe tenha mais alternativas de jogo. É necessário, claro! No entanto deve se apegar a um esquema e procurar condicioná-lo para que em campo o atleta não sinta dúvida quanto ao que deva fazer. Gradativamente o Botafogo está recuperando, em campo, o prestígio. Falta, em seus jogos no Almeidão, contar com o prestígio do torcedor. As arrecadações têm sido ridículas.


Adamastor Bezerra Chaves
Colaborador Botashow

Adamastor Chaves é Advogado, Geógrafo, Jornalista, Radialista e Comentarista Esportivo.

E-mail: adamastorchaves@hotmail.com